domingo, março 18, 2007

A cura do sofrimento


Evitar a dor e buscar o prazer parece ser a quintessência do comportamento humano, isto é, saímos em fuga daquilo que é causa do sofrimento na ordem de razão inversa em que ansiamos o que possa ofertar satisfação.

Ocorre que paradoxalmente a nível sensorial não existe diferença entre um estímulo que atinge em cheio nossos sentidos como fonte de gozo ou em outro extremo de sofrimento atroz, o que em outros termos significa dizer que uma experiência é tida como dolorosa ou prazerosa segundo como interpreta cada um aquelas sensações !!

Veja que curioso : Aquilo que entendemos como sendo sofrimento que constituiu o fiel da balança para definir se o que nos fazem é doloroso ou não, ou seja , aquele que figura como agente responsável por aquela ação pode transfigurar de carrasco para amante num simples variar da percepção que temos a respeito da pessoa .

Evidente existe todo um tecido social ao nosso redor que surge para moldar nossas percepções em certa direção de modo que por convenção do senso comum coletivamente entendemos que este e aquela atitude constitui num juízo de valor como sendo crueldade, brutalidade, violência e assim por diante. Se na verdade no intimo concordamos com tal avaliação estabelecida pela sociedade é uma outra conversa .

Sim, porque as amarras que nos prendem as convenções sociais não tem um controle absoluto sobre nós e prol da verdade mesmo digo que sobrevivem intactas mais pelo tácito consentimento em não enfrenta-las do que em virtude de seu suposto poder .

Creia-me assim que tabus, leis, dogmas e tudo mais vindo no ´´pacote ´´ em decorrência de viver em sociedade está aí intacto , firme e forte em pé pelo simples e corriqueiro fato de que em alguma medida aceitamos de bom grado estas limitações . Nem diria que é conformismo, mas uma questão de conveniência plácida e mesmo até de preguiça mental do que qualquer outra coisa.

Deste modo, reflita : O que te faz sofrer? Pare antes de chegar a qualquer conclusão e tenha em mente de que você determinou ao fundo de sua mente que aquilo fosse doloroso ou em extremo a sociedade definiu que devesse sofrer naquela circunstância. Nada te obriga que no lugar não seja tudo ao final uma experiência bem prazerosa ou seja algo sem maior importancia . Você é quem decide.....

sábado, março 10, 2007

O animal humano


Grazzi pergunta : Mefisto,Gostaria de saber se você compartilha da mesma idéia de que o ser humano mesmo praticando a caridade está pensando em primeiro lugar em si mesmo, no seu bem estar, que age sempre egoisticamente embora, isto fique no subconsciente, ele busca obter a satisfação interior e ter o controle, o poder sobre outrem? Mefisto com olhar vago no vazio, contemplativo que só ele, sem dar aviso prévio desanda a falar.

Em verdade o ato considerado mais nobre e altivo que possa ser imaginado de ser comitido por um ser humano em favor do outro não está isento de depois de uma análise mais profunda de que ao final a pessoa esteja agindo de maneira a cumprir seus próprios interesses. Agora não sejamos apressados na conclusão de considerar por efeito de que todo ser humano é egoísta por natureza, pois a questão das coisas serem assim é mais complexa que se pode supor.

Diria que tudo torna-se mais complicado pelo fato que culturalmente existe algo chamado de ´´especismo´´ onde o ser humano coloca-se acima do reino natural e como uma criatura de alguma maneira diferente dos demais seres vivos do planeta em que vive. Ocorre que por mais de que esta crença ´´especista´´seja difundida não altera o fato inquestionável de que está longe de ser uma verdade, isto é, o ser humano é apenas um animal que em seu comportamento responde a imperativo de sua contigência biológica.

Assim, a realidade mais intrinseca por detrás de cada atitude humana está situada no plano de sua biologia e das necessidade atávicas que são colocadas para nós no sentido de cumprir dois requisitos básicos a saber auto-preservação e perpetuação da espécie.

Deste modo, onde eu escrevi dizendo que estamos tentando cumprir nossos interesses seria melhor dizer que estamos respondendo aos reclames disfarçados de nossa biologia em prol da auto-preservação e perpetuação da espécie.

Vão achar alguns que seria um reducionismo , onde estou grosseiramente simplificando toda a complexidade comportamental humana em torno dela fazer cumprir determinações instintivas só que é uma verdade cabal de que por mais civilizados, instruidos e bem polidos sejamos não altera o fato de que tudo não passa de um mero verniz de tênue consistência que facilmente se decompõem diante de algum imperativo categórico oriundo de nossa biologia.

Sim, porque vencidos pelo reclame da fome, sede e tudo mais o ser humano fica reduzido aquilo que ele é , saber um ´´ primata sem pêlo´´ que está em desespero em busca de meios de sobreviver a toda aquelas mazelas. Pensar que pelo fato de estar bem mais bem ´´nutrido ´´ as coisas mudam é um crasso engano , apenas diria que no meio do caminho surge um engodo de auto-engano em que o ser humano sonha estar sendo algo mais que um animal selvagem em sua decisões quando na prática não é nada disso.

domingo, março 04, 2007

Mestre e Servo



Não como alguém se dizer livre caso esteja no limite de sua subsistência, isto é, privado dos mais básicos recursos materiais necessários a preservação de sua própria sobrevivência. A liberdade por efeito é um ´´bem ´´dos mais tangíveis na medida que ele surge como um plus de valor sobre o que possuimos como meios e modos para cumprir nossa vontade.

Nesta perspectiva, somos livres em relação a algo ou alguém colocado diante de nossa existência a partir daquilo que podemos usufruir materialmente do mundo. A Liberdade abstratamente considerada e colocada em termos de valores absolutos , por isso, não existe para o ser humano.

Prosperar na vida representa neste sentido a diferença de assumir socialmente a posição entre ser servo ou mestre do próprio destino, ou seja, equivale em termos concretos a ter condições de fazer valer aquilo que se deseja para si mesmo na medida em que está liberto de toda sorte de necessidades voltadas a preservação da própria existência.

Ocorre que é uma liberdade relativa o que em outros termos significa dizer que alguém tem condições materiais de melhor fazer o que deseja do que outros naquela condição por possuir controle de recursos que os demais são carentes.

Como pressuposto necessário é fácil deduzir que falo de um universo sumamente desigual onde cada qual luta por seu quinhão em detrimento dos demais. Se é injusto? Será injusto para quem não possui , porém, dificilmente o mesmo pensamento estará presente na mente de quem está numa situação de benesse material.

Ah, dirão alguns tolos sonhadores que tudo seria melhor caso houve um senso de fraternidade altamente cultivado com todos compartilhando seu fruto com aqueles em piores condições de modo que um estado de igualdade fosse perene.

Grande engano....... A única igualdade possível entre seres humanos é num cemitério quando estão todos mortos , sem nada mais a desejar e nem precisando lutar por coisa alguma já que não fará diferença nenhuma.

Não resta-me menor sombra de dúvida que a Liberdade tem seu preço e este representa paradoxalmente a supressão de liberdade alheia na exata proporção que este último perde em recurso em face daquele primeiro que ganha em poder. Eis a sutil diferença entre ser Servo e Mestre....

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