sábado, fevereiro 17, 2007

Nos limites da Realidade



A vida humana se desenrola numa estreita faixa entre aquilo que é cognoscível para seus sentidos e inteligível a sua mente, porém, seria temerário considerar que o Universo se restrinja a estes parcos limites e é forçoso concluir desta maneira que a noção de ´´realidade´´ compartilhada por todos nós tem ao fundo contornos demasiadamente humanos para ser de fato o que constitui como sendo ´´real´´ na essência.

Se podemos, por exemplo, falar de limites do espectro visível a olho nú tal como limites de freqüências de som percebíveis ao ouvido humano que podem ser só percebidos se muito com ajuda de instrumentos apropriados não menos lógico seria concluir que possa haver ´´algo´´ para além disto do qual nem de longe temos a menor idéia que exista.

Não falo de uma realidade ´´metafísica´´ ou supostamente de um ´´plano espiritual´´ por onde a existência se faz presente para além dos limite daquilo do que é percebido e entendido em termos humanos. Não este dimensionamento de realidade que é na base incongnescível e ininteligível para o ser humano é algo bem material na exata perspectiva que está no mesmo nível de existência que nós todos apesar de sermos ´cegos´ a sua presença.

De novo reitero que não falo do ´sobrenatural´, apenas coloco em relevo o quão falha é a crença de julgar os sentidos e razão humana como a mais-que-perfeita fundamentação do que seja ´real´, tal como esta idéia foi melhor sintetizada por Protágoras, o sábio do século IV a.C., onde ele afirmava que "o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."

Igualmente não prego a falência do uso e utilidade do pensamento racional quanto também da lógica, salvo que por elas cheguei até aqui para concluir que é altamente provável existirem fronteiras para onde a Razão e a Lógica não chegam por conta das limitações intelectuais inerentes a condição humana, isto é, simplesmente são coisas que estão fora do nosso alcance mesmo em ´cogitar´ por levantamento de hipótese.

Se bem por disfunções nossa percepção sensorial possa ficar mais aquém ainda aos seus já restritos limites, o fato é que individualmente a ´bagagem cultural´ acumulada pode ser determinante em quanto podemos ser tão ou mais ´disfuncionais´ intelectualmente do que seríamos em nossos sentidos. Nesta perspectiva, diria que se bem vivemos todos sob o mesmo céu a grande questão é que coletivamente não vemos o mesmo ´horizonte´.

De outro lado surge que muitas coisas que não existem podem assumir a natureza inquestionável de serem encaradas como ´´existentes´´ por simples obra da nossa imaginação na medida em que qualquer rechaço racional ou sensorial a idéia de que aquilo é fruto da fantasia é burlado na sombra de toda sorte de auto-engano onde o sujeito vê cada argumento e sensação cair por terra em nome de sua credulidade ( ou diriam outros : fé ) que dá sustentação a todo engodo criado. Aliás,tão mais forte é esta ilusão se uma espécie de ´´vodu´´ psicológico se estrutura a partir de seus medos, ansiedades e etc.

De toda maneira é de se cogitar o quanto não é de fato ´´real´´ aquilo que ao final é definido por alguém com tamanha convicção de corpo e mente , isto é, se seus sentidos corroboram com aquilo que é ´presenciado´ e sua mente não levanta qualquer questionamento ao final não terá o ´sonho´ assumido consistência? Eis que como dizer se tudo julgado como real ao final não seja um mera devaneio humano mais do que fruto de suas limitações sensoriais e intelectuais?
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